sábado, 1 de setembro de 2012

SOBRE O MEDO

I

Peço apenas que ao menos uma entidade
Se pronuncie aos meus olhos...
Cansado que estou desta dor adentrando-me os restos
e sobras...

Vãos,
bermas,
cantos e sarjetas
repletas de mim.

Perceber na vida outros espelhos…
(e não deixar de encará-los)...
Quem sabe até voltar a sorrir...
Semear novas reflexões e outros insights.
Confiar nos caminho e abrir-me a outras narrativas.
(Re) ligar-me.

II

Hoje nada me é eco.
Nada me vaza.
Apenas um esquecimento
perseguindo meus poucos vestígios...

Como uma foto a desbotar nas gavetas...
Como esta cicatriz tatuada na pele...
Como o tempo erodindo os ladrilhos...
Como mil espelhos partidos me adentrando o ventre...
Como o saber de outros horizontes a florir outros castelos...
E não lhes poder habitar.

III

Solidão é medo.

Medo
Que paralisa
freia
consome
e tolhe...
Um nada poder fazer.

Vida metade breu...
Metade cinza.

IV
Vida recolhida...
Simples engrenagem oxidada do destino.
E nada mais...

...Ivan Vagner Marcon...

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